quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Quantificação do Treinamento Esportivo

DESDE A SUA EXISTÊNCIA NO MUNDO, O SER HUMANO BUSCA QUANTIFICAR TUDO AQUILO QUE FAZ: NO EXERCÍCIO FÍSICO NÃO PODERIA SER DIFERENTE!!!!

O termo Periodização do Treinamento tem sido usado desde a Grécia antiga, onde os mesmos utilizavam ciclos de três dias de trabalho por um de descanso. A Periodização era totalmente empírica e rudimentar, mas em contrapartida era evidente o benefício que proporcionava aos gregos, onde não existiam condições técnicas e conhecimento do que realmente estavam fazendo com seus corpos.

Hoje, a quantidade de informações e pesquisas que se tem a respeito do assunto é tão grande, que dá para se ter uma idéia do número de artifícios utilizados pelos treinadores, para atingir o melhor preparo físico a melhor condição física e pq não dizer a perfeição.

Mais do que o ato de trabalhar o corpo, o exercício físico antes de tudo é regido por uma série de princípios que ditam como o Treinamento de cada indivíduo para certo objetivo deve ser direcionado e dimensionado. É comum nas academias ou equipes de corrida vermos alunos dimensionado, por conta própria o volume e intensidade do seu treino, muitas vezes acima daquilo especificado pelo treinador, isto, em detrimento daquela velha mentalidade de “quanto mais melhor”, mas engana-se aqueles que pensam dessa forma, pois como mostra-se adiante, em nosso organismo existe a necessidade da fase de estresse fisiológico, mas também, a fase de recuperação, se mantiver a primeira por muito tempo, com certeza o organismo dará sinais negativos a respeito do Treinamento, como cãimbras, distensões, contraturas e o temido overtraining.

Entretanto princípios e métodos são necessários para que as prescrições de Treinamento sejam adequadas à necessidade de cada indivíduo. De acordo com alguns princípios básicos, dá para se ter uma idéia da importância de seguir à risca aquilo que técnicos e treinadores prescrevem em suas planilhas.

No Treinamento, em síntese, são quatro os princípios que se deve levar em conta para montagem e estrutura do que chamamos de Periodização de Treinamento:

  1. Princípio da Sobrecarga
  2. Princípio da Supercompensação
  3. Princípio da Especificidade
  4. Princípio da Organização de Treinamento

O Princípio da Sobrecarga tem como sentido, expor o organismo a cargas de trabalho acima das normalmente vivenciadas em nossa rotina diária. Na planilha do treino de corrida, por exemplo, quando se trabalha os treinos intervalados, sobrecarrega-se o organismo a uma carga de trabalho que não se está acostumado no dia-a-dia, solicitando mais da parte neuromuscular, absorção de substratos energéticos, liberação de noradrenalina, etc.

Outro exemplo clássico do princípio de Sobrecarga está no Treinamento de Musculação, que também se sobrecarrega o músculo com cargas de trabalho acima daquilo vivenciado durante a rotina diária.

No entanto, utilizando este princípio nas planilhas, sejam elas de corrida ou Musculação, é preciso estar atento a dois fatores, o volume e a intensidade de Treinamento.

Em via de regra, trabalha-se primeiro o volume de treino, que diz respeito à quantidade de trabalho que o organismo estará exposto, no entanto, esta fase se caracteriza como quantitativa. Em contrapartida, o mesmo não acontece quando prioriza-se a intensidade, o Treinamento torna-se inversamente proporcional, pois de quantitativo, passa a ser qualitativo, em função do volume e intensidade não serem utilizados paralelamente na mesma proporção, caso isto ocorra, o organismo não responderá bem a nenhum dos dois estímulos e estará sujeito a lesão.

O princípio da Supercompensação pode ser considerado um dos mais importantes na elaboração de um Treinamento. É o responsável por promover o aumento no rendimento físico.

Como já se sabe, dentro do Treinamento há uma fase de desgaste e outra de recuperação, e, o responsável pela promoção das adaptações positivas ao organismo é a Supercompensação, demonstrando uma capacidade regenerativa positiva de componentes orgânicos e celulares degradados durante o estímulo de estresse orgânico.

Quando se treina para uma maratona, por exemplo, é necessário diminuir o ritmo de treino em determinado período que antecede a prova, para que haja a Supercompensação dos componentes degradados tal como o glicogênio muscular e hepático, responsáveis pela nossa “energia”.

Não é por acaso que dentro de cada tipo de treino, existam fases, assim como no exemplo da corrida, este princípio também se transfere à Musculação.

Dentro do princípio da Supercompensação podemos dizer que esta é formada por um tripé: onde além do treino entram também a adequação da alimentação e do descanso.

Para cada tipo, intensidade ou tempo de treino, existe um tempo de descanso que deve ser respeitado.

Na corrida, de acordo com as variáveis citadas anteriormente, se tem um tempo de descanso necessário para cada tipo de treino que pode variar de 12 a 72h, assim como na Musculação, que dependendo da elaboração da planilha, varia-se o tempo de descanso entre 24 a 48h.

No entanto é preciso estar atento a cada detalhe para que futuramente não ocorra o temido overtraining, em função de não respeitar o tempo de Supercompensação do organismo.

Já no princípio da Especificidade, é preciso estar levando em conta principalmente dois fatores que são essenciais para cada tipo de exercício, que são: a biomecânica e o sistema de transporte energético envolvido.

Na corrida, por exemplo, há o envolvimento das variáveis citadas anteriormente. Na mecânica do movimento é inquestionável que se deve praticar a atividade em questão para aprimorar o movimento específico do esporte, mas graças à tecnologia, principalmente nas academias, existem hoje aparelhos que simulam a mecânica de movimento da corrida como os cross trainners, que além de simular o movimento biomecânico na corrida ainda controlam a amplitude da passada de acordo com a estatura do praticante.

Já no que diz respeito ao sistema de transporte energético, ainda pegando o exemplo da corrida, muitas vezes uma aula de spinnig pode substituir um treino de fartlek (treino que alterna momentos de maior e menor intensidade), desde que seja respeitada a forma de estimular o músculo cardíaco.

No entanto a mentalidade de que para se correr bem tem que se utilizar apenas da corrida, muitas vezes é errado e pode levar o corredor a ter lesões, desde que respeitado o estímulo que se pretende dar em determinadas fases do treino, muitas vezes torna-se muito mais viável mudar o tipo de atividade para que a mecânica do movimento ou o tipo de transporte energético trabalhado em questão sejam melhorados.

O princípio da organização de Treinamento cabe a todos os princípios citados, onde vão ter que interagir conjuntamente e trabalhar para o mesmo fim, seja para quem for correr de 5 a 42Km ou apenas praticar a Musculação.

Este princípio divide-se em períodos de Treinamento denominados microciclo, mesociclo e macrociclo, que servem para organizar tudo aquilo que rege um Treinamento.

Sem a boa utilização deste princípio, todo o Treinamento se caracteriza como incoerente e não se chegara ao objetivo proposto.

No entanto é indispensável que todos aqueles que pretendem praticar sua atividade de forma bem direcionada, coerente e sem lesões, procure sempre profissionais que suprirão suas necessidades, para que mais tarde aquilo que lhe dava prazer não se transforme em dor de cabeça, e não lhe impeça de praticar o que deseja.

Muitos amantes do esporte, por ter certo tempo de prática do exercício pensam que já sabem montar seus treinos, mas seu conhecimento técnico, fisiológico dentre muitos outros nunca será igual daquele que estudou, estuda e tem como profissão levar o exercício físico a cada aluno com diferentes objetivos.

Bons treinos!!!


Profº Msª Simone Herdina (CREF 040G/SC)

Profº Esp. Éric Mélhem Haddad (CREF 29.053G/SP)



Um grande abraço!!!



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